Oito anos depois de disputar pela primeira vez o governo do Paraná, vejo com certa perplexidade que as principais demandas da população paranaense, e as de boa parte do país, continuam sendo as mesmas: educação de qualidade, saúde mais perto das pessoas e segurança nas cidades e no meio rural.
Além disso, uma infraestrutura que não recebeu os investimentos necessários à expansão exigida pelo crescimento da atividade econômica. O governo Lula teve o mérito de consolidar e expandir os programas sociais criados no período Fernando Henrique Cardoso, fortalecendo o mercado interno.
Mas nenhuma das duas instâncias de governo (estadual e federal) teve competência para prover bom atendimento naquilo que mais interessa ao cidadão.
Basta ver, para comprovar isso, os crescentes índices de criminalidade em todo o Paraná (onde estão três das dez cidades mais violentas do país), o cortejo de ambulâncias levando pacientes do interior para a capital e a precariedade em que funcionam algumas escolas estaduais, apesar da dedicação heroica de professores e diretores.
Em Curitiba, viramos esse jogo fazendo investimentos equivalentes a quase 10% das receitas líquidas municipais, percentual bem superior à média nacional.
Em cinco anos, investimos R$ 1,2 bilhão, dos quais 87,4% com recursos próprios, 11,2% em repasses federais e 1,4% com financiamentos do Estado.
Elevamos a taxa de investimento e transformamos o deficit fiscal herdado em 2005 em superavit por cinco anos consecutivos de gestão na prefeitura, além de pagar quase R$ 160 milhões de precatórios, rigorosamente em dia.
Em 2009, início de meu segundo mandato na prefeitura, introduzimos os contratos de gestão, mecanismo pelo qual a equipe se compromete a atingir metas fixadas de acordo com os objetivos estabelecidos no plano de governo, sob permanente avaliação. No primeiro ano, atingimos 90% das metas.
Com prioridades bem definidas, corte nas despesas supérfluas e o engajamento do servidor, é possível dar mais qualidade ao gasto público e melhorar o serviço prestado aos cidadãos. É este mesmo estilo de gestão que nos propomos agora a levar ao governo do Estado do Paraná.
Candidatos de todos os quadrantes buscam aproveitar-se da popularidade presidencial, impulsionada pelo bom momento da economia, favorecida pelas reformas aprovadas no governo do PSDB, com o voto contrário da então oposição petista (por sorte ou conveniência, Lula relegou a segundo plano o programa do PT).
De minha parte, mantenho a coerência. Precisarei dela para fazer um governo aberto ao diálogo -palavra proibida pelo governo estadual nos últimos oito anos-, com disposição para estimular novos investimentos, criar um ambiente favorável ao desenvolvimento, efetivo apoio à agricultura e prioridade à educação, além da retomada do planejamento e da determinação para promover um choque de infraestrutura.
Acredito que o Paraná, assim como o país, exige uma visão mais moderna de gestão, com a profissionalização dos quadros técnicos e sem o aparelhamento partidário da estrutura estatal.
Beto Richa
*Artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, edição de 27/09/10
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